13 de
maio de 1950 era a data anunciada pela Federação Internacional de
Automobilismo, FIA, para a primeira prova do primeiro campeonato mundial de
Fórmula 1. O local seria o circuito de Silverstone, na Inglaterra, e a data,
para não coincidir com um culto religioso local, seria um sábado. Além da
Inglaterra, 5 outras corridas seriam disputadas, respectivamente, em Mônaco,
Suíça, Bélgica, França e Itália, além do resultado das 500 Milhas de
Indianápolis, para que fosse um campeonato “mundial”, e não apenas europeu.
Vale lembrar que carros, pilotos e equipes que competiam nos EUA eram
completamente diferentes dos que corriam na Europa. Ao longo do ano, outras 16
corridas extra-campeonato chegaram a acontecer.
Para
efeito de pontuação, seriam descartados os 3 piores resultados das 7 corridas. Em
cada GP, o primeiro colocado receberia 8 pontos; o segundo, 6; o terceiro, 4; o
quarto, 3; o quinto, 2; além de um ponto extra para o piloto que marcasse a
volta mais rápida da prova. Era permitido que um carro tivesse mais de um
condutor durante a corrida, como os ingleses Joe Fry e Brian Shawe Taylor, que
dividiram uma mesma Maserati em Silverstone. Nesses casos, os pontos obtidos
eram divididos equitativamente pelos pilotos em questão, independente de qual
perfizesse um maior número de voltas em pista. Também houve a definição das
cores que se tornariam tradicionais nos carros de Fórmula 1: as equipes
inglesas usariam o verde; as italianas, o vermelho; as francesas, o azul; e as
alemãs, o branco. As equipes eram mantidas principalmente com a ajuda das
empresas de petróleo e fabricantes de pneus e, devido às dificuldades do
período pós-guerra, os carros eram todos aproveitados do pré-guerra, utilizando
motores superpressurizados de até 1,5 litros ou motores aspirados de 4,5
litros. A participação da Alfa Romeo, com suas “Alfettas”, foi fundamental para
a viabilidade e prestígio do empreendimento da FIA. A Ferrari confirmou sua
presença, mas não aprontou seus carros a tempo, deixando de participar da prova
inaugural, que contou com um público estimado em 100.000 pessoas, incluindo a
presença do Rei George VI, da Rainha Elizabeth e da princesa Margareth.
O
Grande Prêmio da Inglaterra foi dominado pela Alfa Romeo. Seus quatro carros,
guiados pelos italianos Giuseppe Farina e Luigi Fagioli, pelo inglês Reg
Parnell e pelo argentino Juan Manuel Fangio, largaram nas quatro primeiras
posições, com Nino Farina, como era conhecido, conseguindo a pole position, a
vitória e a volta mais rápida, 1’50.6. Todo o pódio foi ocupado pelos pilotos
da Alfa Romeo, Farina, Fagioli e Parnell, respectivamente. Juan Manuel Fangio,
que largara em terceiro, abandonou na 62ª das 70 voltas previstas, por conta de
um vazamento. Tamanha era a superioridade da Alfa Romeo que os franceses da
Talbot-Lago-Talbot, Yves Cabantous e Louis Rosier, que ficaram com a quarta e a
quinta colocação, só conseguiram cruzar a linha de chegada com 2 voltas de
atraso.
A
corrida em Silverstone seria o prenúncio do que ocorreria ao longo de todo o
campeonato, que se estenderia até 03 de setembro de 1950. As seis corridas
européias foram vencidas por um piloto da Alfa Romeo: 3 por Nino Farina e 3 por
Fangio. Em outras palavras, apesar de 18 equipes (7 construtoras e 11 privadas)
participarem da parte européia, apenas dois pilotos de uma mesma equipe estavam
em condições de disputar o primeiro título de campeão mundial de Fórmula 1, e
naquele momento, o placar contava 10 a zero para Farina.